sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

in Limbo














Desde a queda do muro que o ar gélido faz com que todos os sentidos e sentimentos percam a noção de espaço e tempo. Sinto-me num coma dissimulante, com correntes de ar que fazem com que cada pensamento tenha um eco demasiado prolongado. De certeza que é devido ao muro. Só pode. Tenho a sensação de já antes ter experimentado esta insustentável leveza, de já ter estado neste limbo cor ocre onde qualquer gesto ganha contornos de padrão, e assim como as palavras, também eles se propagam sem qualquer tipo de impedimento.

Sinto então, a razão para tal inquietação! A presença de um vírus. Vírus de garras afiadas prontas a deixar marca de arranhão! È melhor ter cuidado! Numa terra onde a metáfora reina, é difícil - até para alguém de ideias sólidas - conseguir apregoar as palavras desejadas.

O mais certo é eu acabar contaminado! Protejo-me na conformidade da melancolia, mas rapidamente sinto a vulnerabilidade ao abraçar a genuinidade deste vírus. O convite do inesperado e a beleza da queda, fazem-me soltar as amarras do medo e abraçar esta nova condição.

E assim mergulho. Da imposta negação à desejada vertigem - completamente livre - deixando o medo de ser o espectador amorfo deste jocoso cortejo!

Terei de redefinir a concha como porto de abrigo, como a camada ténue aonde as segundas intenções são atiradas para segundo plano, e as primeiras intenções congeladas num movimento perpétuo de contemplação. Concha de aconchego onde ridículos dilemas são transformados em esperançosos sonhos. Sem padrão!

Berro mas nada sai…toco, e tudo sinto!

Limbo de chegada, limbo de partida!

Avisa-me quando lá chegarmos!

Espero que o tempo tenha a paciência e a ciência para se aguentar só. E só, esperar!

Ficarei neste limbo - sem muro - ficando com o bafo quente da esperança e o prurido do optimismo como dote.

À noite, o pano cai, e tudo se revela cru! Os dilemas eclipsam os sonhos…

O muro jamais será edificado da mesma forma - os segredos foram revelados e os guardas subornados! De resto, resta-me a minha única certeza…que de restos, nada restará!


1 comentário:

mariana disse...

uns morrem outros ficam assim.