terça-feira, 30 de setembro de 2008

Niterói e Percurso Niemeyer

Teatro Popular, Oscar Niemeyer



Fundação Niemeyer, Oscar Niemeyer


Caminho Niemeyer



Museu de Arte Contemporânea, Oscar Niemeyer


Paisagem que envolve a Estação Hidroviária de Charitas de Oscar Niemeyer


Da mesma forma que Gaia está para o Porto, Niterói está para o Rio de Janeiro. É, então compreensível, quando os cariocas dizem que o melhor da cidade implantada na outra margem é a vista que tem sobre o Rio. Sem conhecer Niterói para além do caminho Niemeyer, ainda não tenho qualquer voto sobre a matéria. A verdade é que os terrenos dispensados para o percurso, ligando o centro à zona sul, margeiam a Baía de Guanabara. Essa decisão tanto pode corroborar aquela versão, denotando a dependência que se nutre da "cidade maravilhosa", como traduzir a afirmação da identidade e imagem próprias de Niterói ao olhar de quem se aproxima por água. De qualquer das formas, a presença do mar é clara a partir de qualquer ponto. E Niemeyer é feliz graças a ele e à paisagem, e deles tira partido.
A implantação dos complexos: Teatro Popular, Fundação Niemeyer, as catedrais Católica e Baptista, e o Memorial Roberto Silveira, conformarão uma grande praça junto ao mar. Para já os elementos construídos parecem bastante disconexos entre si e soltos num imenso plano de terra batida.
As outras edificações - Museu de Arte Contemporânea, Museu do Cinema Brasileiro e Estação Hidroviária de Charitas - estão instaladas ao longo da baía, perceptíveis de diversos pontos ao longo da marginal. O seu carisma concentra-se no exterior, na progressiva descoberta de temas associados ao movimento do percurso e do próprio corpo arquitectónico e na solidez do seu enraízamento ao terreno, apesar da sua forma ser totalmente estranha à, e perante a envolvente. A partir dessa forma geral impactante, Niemeyer cria pequenas subtilezas através do desenho de pormenores rebatidos na paisagem. Os interiores ficam bastante áquem das expectativas, contudo. Independentemente de trabalhar nalguns casos a luz de forma magistral, principalmente na Fundação com o seu nome, Niemeyer nunca dá manobra para grandes surpresas e transições ao nível dos espaços interiores. O exterior acaba por ser bastante gratuito, sendo sempre trabalhado como pano de fundo inanimado no conforto interior dos edifícios. A "tensão dramática", cada vez mais indissociável da cultura arquitectónica contemporânea, não chega a estar presente no fulgor de um momento; no entanto é impossível ficar imune ao vírus das "fotos-postal"!

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